segunda-feira, 28 de julho de 2008

Degustação da Reloco na Associação Brasileira do Sommelier / Rio de Janeiro



Espumante 2004 Extra Brut Método tradicional, artesanal, 60% de uvas Chardonay mais 40% de uvas Pinot Noir Teor alcoólico 13,5%, aromas de frutas maduras, numa mistura de mel e leveduras, com furtas tropicais, uma acidez forte, ficando um amargor final bem cítrico, faltando um pouco de estrutura e corpo Cor amarela palha mais escurecido sem reflexo. Vinícola Lagarde-Mendoza Nota 75 

Altas Cumbres -Mendoza, Viognier, 2005-100 % malbec, 14% de teor alcoólico, envelhecimento feito 4 meses em garrafa sem contato com madeira Cor amarela palha, brilhante, bom reflexo, aromas de frutas novas e fortes, como damasco, melão, bom, equilibrado, na boca uma acidez ao final meio amarga mais tolerável. Nota 80

Sauvignon Blanc 2004, Postalles Semillon, bodega Del Fin Del Mundo, teor alcoólico 13% , cor amarela clara, brilhante, bons reflexos, aroma como romãs, frutas cítricas e tropicais como carambola, e uma forte predominância de ervas e mel. boca.Maceração longa- Malbec Nota 85 

Cabernet Sauvignon 2003, San Medin, vinícola Miguel Torres 100% cabernet sauvignon, teor alcoólico 13,5%, , fermentação de uvas naturais, cor rubi, aroma forte de frutas do bosque e especiarias como pimenta, taninos da fruta forte com característica bem relevante de vegetais ,sabor acido, intenso, forte salivação na boca. Nota 90

Chateau Los Boldos -Cabernet Suavignon 2004 Requinoa- Chile Teor alcoólico 12,5%, fermentação com estagio em carvalho 50% em barrica francesa, por 6 meses, linha Tradition Cor púrpura intensa, boa estrutura, límpido com bons reflexos Aroma de frutas vermelhas, pimenta, pimentão, torrefação com madeira presente bem distribuída, sabor de compotas maduras. Na boca bom equilíbrio, acidez concordando com os taninos Nota 95

Texto e Comentários 
Leila Bumachar

domingo, 13 de julho de 2008

Vinho também é Cultura ! Viaje na História e enriqueça seu conhecimento






A rolha e garrafa

Sobreiro

Até o início do século XVIII, os bebedores de vinho não dispunham do conforto de tê-lo condicionado, porque nessa época não se conhecia nem a rolha, nem a garrafa. Ele era retirado dos tonéis logo após a fermentação e colocado em odres, ou ânforas, as quais eram vedadas precariamente com tampões de linho, ou estopas, embebidos em linhaça, e ali permanecia o menor tempo possível, isso é, até ser colocado em pequenas jarras pelos serviçais e transportado enfim para a taça dos convidados - que o bebiam, portanto, ainda jovem. A descoberta da rolha de cortiça e da garrafa foram, por conseguinte, as maiores conquistas enológicas de todos os tempos. 
A rolha é retirada da casca do sobreiro, árvore encontrada basicamente em Portugal, na Espanha e na Grécia, e só a partir de 1700 passou a ser amarrada por barbantes às garrafas, pois foi nesse período que o monge beneditino Dom Pérignon (o mesmo que "inventou" o champagne) constatou que para conservar o vinho era preciso utilizar um material inerte, inodoro e resistente. 
Já a garrafa de 750 ml, que por coincidência passou a ser comercializada um pouco depois, (a primeira exportação dessa novidade saiu do Porto do Havre para a Inglaterra e a para a Índia em 1755) mantém até hoje a medida padrão, para respeitar a legislação daquela época. Ou seja: como elas eram sopradas uma a uma, a lei italiana estabeleceu, e todos a seguiram, que essa era a capacidade máxima de sopro a que poderia chegar um bom artesão, sem danificar o pulmão.

A harmonização com queijos 




O vinho é eminentemente uma bebida solidária. Digamos que ele foi feito para ser bebido, no mínimo, a dois, e para fazer companhia ao alimento. Por isso, o queijo é uma razão a mais para se prolongar o vinho - e o vinho uma razão a mais para se renovar o queijo. Um e outro formam o par mais feliz da história da gastronomia. Mas, à primeira vista, parece um casamento entre ímpares. Porque, enquanto o vinho é bonito, seja dentro da garrafa, seja já na taça, o queijo em geral é feiíssimo. Um plateau de fromages parece uma paisagem lunar - com buracos, protuberâncias, planícies e pedras soltas. Juntos, no entanto, produzem um casal tipo Fred Astaire dançando com a Cid Charise. 
A sintonia desse "dois em um" estabelece um ritmo que deve ser observado. Por exemplo:
a) quanto mais forte o queijo, mais tânico deverá ser o vinho;
b) vinhos e queijos da mesma região namoram melhor;
c) os queijos frescos, com o nosso minas, a mozzarella ou os cream cheese vão bem com um bom rosé, um verde português ou o adolescente Beaujolais;
d) o Gouda (holandês), o Gruyère (suíço), o Manchego (espanhol) ou parmesão (italiano) pedem um Shiraz ou um Cabernet-Sauvignon;
e) os populares Brie e Camembert (cujo "perfume" o Brillat-Savarin comparava ao pé do bom Deus!) vão lindamente com os tintos "inocentes", do jeito de um Côtes du Rhône, um Valpolicella, um Merlot sul-americano ou, hoje em dia, um alentejano leve; f) já o champagne é multiuso - abra um bom brut e acompanhe-o com um queijo cremoso passado em cima de uma torrada-hóstia, ou o lambuze um pão preto light do brasileiríssimo requeijão e depois nos conte...
Última regra: não siga nenhuma dessas acima: vá testando e estabeleça a sua. O velho Cervantes já dizia: não existe o caminho. É o caminhante que faz o caminho - ao caminhar. Bon appétit!

A degola do gargalo (sabrage) 




Você sabia que Napoleão Bonaparte degolava as garrafas de champagne com um único golpe de seu sabre?



A arma branca longa - o sabre - conquistou a Europa num tempo em que os cavaleiros ainda duelavam pela honra de sua dama. Ou pela própria. Mas, com tempo, ela sofreu diversas modificações e, hoje, só é utilizada em escala ou na esgrima moderna, que é um esporte, ou em eventos especiais, como o sabrage. 
A história do sabrage remonta ao início do século XIX quando, segundo a tradição francesa e, para comemorar suas vitórias, Napoleão realizava a degola das garrafas de champagne com um único golpe de seu sabre. Nos dias atuais, para repetir a façanha que Bonaparte imortalizou, o sommelier (ou amador) não tem necessidade de se arriscar com armas brancas, porque o chamado Sabre-Para-Abrir-Champanha, disponível no mercado, não possui fio de corte e seu destino é unicamente "expulsar" a rolha e o início do gargalo de um espumante ou de um champagne. Feito artesanalmente em aço inox temperado, polido e adamascado com desenhos alusivos, o Sabre-Para-Abrir- Champanha possui a mesma qualidade das espadas das Forças Armadas e, com seu punho forte de metal polido e bronzeado, tem o poder de transformar esse ritual num espetáculo. Santé!

Texto organizado por Leila Bumachar