O Alto Douro Vinhateiro foi inscrito na Lista do Patrimônio
Mundial, tendo em conta os seguintes critérios:
A Região do Alto Douro tem vindo a produzir vinho há quase
dois mil anos e sua paisagem foi moldada pelas atividades humanas.
Os componentes da paisagem do Alto Douro são
representativos de toda a gama de atividades associadas à vinificação -
terrenos, quintas (complexos agrícolas de produção vinícola), aldeias, capelas
e estradas.
A paisagem cultural do Alto Douro é um excelente exemplo
de uma região tradicional europeia, produtora de vinho, refletindo a evolução
desta atividade humana ao longo do tempo.
O Rio Douro , Português - Douro; Espanhol - Duero; Latim -
Durius tem cerca de 897
quilômetros de comprimento. Irriga uma área de 79 000
km2.
O rio nasce no centro-norte de Espanha Sierra de Urbión corre para
oeste em todo norte da Espanha, e vira depois para sudoeste, fazendo parte da
linha de fronteira entre Portugal e Espanha ao longo de 112 km.
O rio corre através da região vinhateira do Douro cerca de 100 km até à Régua, onde termina a viticultura devido à influência muito forte do clima Atlântico.
Em seguida,
atravessa a fronteira e o Norte de Portugal, chegando ao Oceano Atlântico, no
Porto. Em Portugal, o Douro atravessa os distritos de Bragança, Guarda, Viseu,
Vila Real, Aveiro e Porto.
A região vinícola do Douro está dividida em três áreas ao longo do rio. O Baixo Corgo é a área mais distante para oeste, indo aproximadamente desde a Régua até um afluente do Douro chamado Corgo. Estende-se para leste pela região do Cima Corgo, uma área que inclui a cidade de Pinhão. A área a leste do Pinhão, até Barca d'Alva, é denominada Douro Superior "Alto Douro".
As uvas são a cultura principal do vale do Douro, e do estuário do Douro é o centro do comércio do vinho português.
Há provas de que a viticultura no Vale do Douro remonta
aos tempos dos romanos.
Durante o período medieval, o vinho era produzido
principalmente para uso em mosteiros, na celebração eucarística, e as áreas
horizontais dos terrenos eram reservadas para o cultivo de cereais,
especialmente milho.
As videiras eram plantadas nas aberturas dos muros dos
terrenos os pilheros.
As vinhas não se expandiram até meados do século XVIII,
quando os ingleses começaram a procurá-las para produção de vinho doce.
Na época, a Inglaterra já tinha estabelecido uma relação
estreita com Portugal.
Um comércio movimentado com mercadorias inglesas em troca de frutas e azeite português prosperava desde o século XIII.
Os vinhos
portugueses começaram a ser exportados para Inglaterra desde cedo, mas
inicialmente não tinham de início grande reputação.
Quando a guerra entre a
França e a Inglaterra eclodiu em 1689, os ingleses foram estritamente proibidos
de beber vinho francês e tiveram de procurar novas fontes.
Felizmente, o "vinho do Porto" foi descoberto
por volta de 1670.
A
adição de aguardente ao vinho facilitava o armazenamento e dessa forma o vinho
sobrevivia à viagem para a Inglaterra sem danos.
A forte procura de vinho do Porto em Inglaterra levou a
uma superprodução em meados do século XVIII, que foi acompanhada por uma queda
de preços e uma menor reputação do vinho do Porto.
Para ultrapassar esta
situação, foi introduzido um sistema de controlo de origem e classificação
regional ,o primeiro do mundo datado de 1756.
Vinhos de bons locais de cultivo, os vinhos de feitoria, eram aprovados para a exportação, enquanto os vinhos de
locais de cultivo inferiores eram restritos ao consumo doméstico.
Eram
designados "vinhos do ramo" como o ramo de um arbusto, porque os
arbustos mostravam onde esse vinho de consumo doméstico estava disponível.
Supõe-se que este costume é a fonte do provérbio Inglês "bom vinho não
precisa de arbusto."
O alvará régio de 1756 foi alterado várias vezes, mas
basicamente ainda se aplica hoje. Pesados blocos de granito, tal como se
encontrados em toda a região do Douro, foram utilizados para a demarcação dos
melhores locais vinícolas.
Até o final do século XVIII, a viticultura não se
estendeu mais a montante de Cachão da Valeira. Esta rocha grande obstruía a
navegação no rio e, portanto, o transporte relativamente rápido de barris de
vinho.
Foram necessários 12 anos de trabalho de construção para tornar esta
secção do rio navegável.
Por conseguinte, a viticultura tornou-se
economicamente viável no início do século XIX na região do Douro Superior.
Na
segunda metade do século XIX, a viticultura na região do Douro foi afetadas por
grandes desastres naturais, semelhantes que conhecemos de outras regiões
vinícolas da Europa: em 1890, o oídio e a filoxera destruíram cerca de 65% da
área vinícolas na região do Douro. Muitos viticultores foram forçados a
abandonar as suas vinhas, dado que a base da sua existência havia sido
destruída.
Até 1870, havia muitos chamados "vinhos de
quinta", ou seja, vinhos que eram produzidos e comercializados por
viticultores individuais.
Os "expedidores", que se tinham
estabelecido no Porto, e que se dedicavam principalmente à exportação de vinhos
de quinta, foram substituindo cada vez mais esses viticultores.
A fim de
oferecer aos seus clientes um vinho do Porto de qualidade consistente e de modo
a tornarem-se independentes face à imprevisibilidade da natureza e dos viticultores,
os expedidores passaram a desenvolver as suas próprias marcas assim misturavam
vinhos provenientes de vinhedos diferentes para criar vinho do Porto da sua
própria casa e fermentavam-nos em caves próprias, em Vila Nova de Gaia,
acabando por comercializá-los em todo o mundo.
Esta separação entre a produção dos vinhedos na região do Douro e a comercialização em Vila Nova de Gaia chegou ao ponto de ser necessário aprovar uma lei que estipulava que as
exportações de vinho do Porto só podiam ser realizadas a partir de Vila Nova de
Gaia.
Esta lei só foi revogada em 1986, quando Portugal aderiu à Comunidade Econômica
Europeia (União Europeia) e a sua abolição levou a uma verdadeira revolução na
viticultura na região do Douro. Que decretou que os produtores de vinho da região do Douro tinham direito de exportar sues produtos de forma independente ( Lei de 8 de maio de 1986)
No entanto, persistiam algumas condições restritivas. As quintas
deveriam ter pelo menos 150.000 garrafas e inventário de vendas durante três
anos em armazém. Além
disso, as vendas só podem incluir garrafas e não barris.
No entanto, um grande número de produtores na região do
Douro tornou-se, desde então, independente. Uma vez que as limitações
mencionadas acima se aplicam somente ao vinho do Porto, a produção de vinho
tinto aumentou extraordinariamente e todos os anos
são introduzidos vinhos novos e interessantes no mercado.
O Vale do Douro é atualmente uma das regiões vinícolas
mais interessantes da Europa, dado que os produtores que anteriormente apenas
forneciam uvas estão agora a produzir vinho por conta própria e têm ganhado
mais experiência de vinificação e cultivo.
Uma vantagem essencial é
que os produtores trabalham de forma cooperativa e tornaram-se conscientes da
necessidade de comercializar os seus excelentes vinho em conjunto, a fim de
posicionar a região do Douro de forma adequada no mercado.
O fato de as castas
originais continuarem a ser cultivadas na região do Douro e não terem sido
substituídas por vinhas estrangeiras é uma vantagem inestimável. Juntamente com
as excelentes condições geológicas e climáticas, este fato garante o caráter
independente e inconfundível dos vinhos do Douro.
Apesar de o clima da cidade do Porto, na costa do
Atlântico, não ser adequado para a viticultura, oferece as condições perfeitas,
de frescura e umidade para armazenar por muitos anos. Tradicionalmente, os
barris de vinho da região do Douro eram trazidos para o Porto precisamente para Vila Nova de Gaia no mês de Junho, antes do início do maior
calor, para terminar o estágio nos armazéns dos expedidores.
Eram enviados rio
abaixo em barcos à vela barcos rabelos, que hoje em dia estão
ancorados no rio Douro, em
Vila Nova de Gaia, como museus ao ar livre.
A
regata à vela tradicional ocorre no dia do santo padroeiro da cidade, São João 24 de Junho.
O norte de Portugal é composto quase exclusivamente de
granito. Esta pedra extremamente rígida, com uma fina camada de solo, é
praticamente inútil para a agricultura. Curiosamente, o rio Douro também corta
um maciço de xisto que se estende desde Barca d'Alva quase até à Régua. Este
xisto divide-se frequentemente em camadas verticais abaixo da superfície. Isto
não só permite que a umidade penetre, mas oferece também às raízes um lugar
para crescer. São estas as condições naturais do solo que formam os limites
naturais da viticultura na região do Douro: as videiras crescem até onde chega
o xisto.
“São estes segredos de paladares imemoráveis, uma paleta
de aromas e sabores, que perpetuados de geração em geração conferem hoje, vida
ao patrimônio gastronômico do Douro."
As principais castas tintas do
Douro:
Touriga Nacional: Uma uva
estava virtualmente extinta na década de 1970, mas foi trazida de volta por
produtores que trabalharam vigorosamente em clones, assim como a própria
variedade de uva. Uma uva difícil de gerir, mas que pode dar os vinhos
mais escuros e concentrados: profundos, densos.
Tinta Barroca: Esta uva
é plantada em altitudes mais elevadas ou nas encostas viradas a norte mais
frescas no Cima Corgo. É o primeiro a amadurecer, mas é suscetível ao
calor extremo. Esta uva produz vinhos flexíveis e bem estruturados, que frequentemente
apresentam um caráter rústico e terroso distinto.
Tinto Cão: Esta
casta é ainda mais difícil de crescer do que a Touriga Nacional, com pequenos
cachos e pequenos rendimentos. Amadurece tarde, mas precisa ser colhido na
hora certa para atingir o delicado equilíbrio entre álcool e acidez. Esta
uva tem capacidade para produzir vinhos complexos e duradouros.
Tinta Roriz: Esta
uva também é conhecida como Tempranillo na Espanha. Produz vinhos que
combinam fruta firme e apertada com requinte e longitude.
Touriga Franca: Esta é
a variedade mais plantada. Ela floresce em encostas mais quentes voltadas
para o sul e dá rendimentos consistentes. Esta uva traz estrutura, fruta à
vista, elegância. Os tintos jovens para consumo imediato têm aromas a
cereja e framboesa, e os tintos de adega começam com notas de fruta preta e
chocolate, mas envelhecem até grande delicadeza e complexidade durante 20 anos
ou mais.
As principais castas de uvas
brancas do Douro
Malvasia: Segunda casta mais
plantada no Vale do Douro. É difícil de cultivar, mas os resultados podem
ser impressionantes. Vinhos elegantes com notas de noz-moscada e algum
fumo.
Rabigato: Em português para 'rabo
de gato', este vinho amadurece lentamente e é capaz de resistir ao calor
extremo. O seu aroma é de intensidade média e doce, lembrando flores de
laranjeira com algumas notas vegetais, equilibrado e fresco, com sabor
frutado. Na boca, apresenta vivacidade e alguma persistência.
Viosinho: É uma casta de baixo
rendimento e dá origem a alguns vinhos de elevada qualidade. Boa
intensidade, lembrando camomila e ameixa, frutado e complexo. Acidez média
com aroma agradável no final.
Região do Douro é um paraíso de caça do monte e de peixes
do rio. A sua famosa gastronomia típica de boa e variada comida: Pão regional da Lapa, Sernancelhe que acompanha os
enchidos caseiros; o cabrito assado em antigos fornos de lenha orgulho de
Armamar.
As trutas do Varosa, do Balsemão e do Vilar. Os torresmos
à moda de Cinfães, os milhos da Meda. O azeite é utilizado na maioria das refeições, seja na sua
confecção ou após cozinhadas, como molho. Qualquer prato é temperado com sal,
embora este possa ser substituído por ervas aromáticas, que abundam na região.
O alecrim, a salsa e o loureiro são as ervas mais utilizadas, principalmente na
confecção de carnes.
A doçaria regional. As receitas dos antigos conventos e
mosteiros, os doces de amêndoa de São João da Pesqueira, as cavacas de Resende
e o bolo-rei de Tabuaço, fazem as delícias do paladar e enchem o olhar. Não se esquecendo do O arroz doce e a aletria também são
especialidades na região.
Edição de Texto e fotos : Leila Bumachar
Fontes: http://www.encyclopedia.com/topic/Douro
http://geography.howstuffworks.com/europe/the-douro-river.htm
http://www.douro-turismo.pt/patrimonio-mundial.php